Isidoro Correia da Silva, fundador do grupo com sede em Miranda do Corvo, disse à agência Lusa que os municípios, de norte a sul do país, foram durante décadas os principais clientes, uma situação que tem vindo a alterar-se radicalmente.
Além da exploração de calcário na pedreira junto à povoação de Taliscas, entre Miranda e Penela, as suas sete empresas, que empregam 200 trabalhadores, realizam empreitadas para as quais produzem “betão pronto” e massas betuminosas para pavimentação de vias, fornecendo ainda entidades públicas e privadas.
Desde 2010, “tivemos a linha do Metro Mondego”, entre Lousã e Coimbra, e “em 30 quilómetros foi material nosso” para empreitadas agora em fase de conclusão, salientou Isidoro Correia da Silva.
“Temos também um fornecimento à Mota Engil. De resto, em trabalhos assim de obras públicas, não há nada”, incluindo da parte de autarquias, designadamente dos distritos de Coimbra e Castelo Branco, outrora clientes habituais da firma, acrescentou.
“Podemos dizer que todas estas câmaras fecharam a porta. Dentro de 10 anos, não vão ter mais nada, a não ser umas pequenas reparações”, assegurou o empresário.
As câmaras municipais, “para quem nós trabalhamos, era hábito irem pagando. E quando não tinham dinheiro recorriam à banca”.
Segundo Isidoro Correia da Silva, os bancos assumem que “não financiam câmara nenhuma”.
As pedreiras e todo o setor da construção estão hoje “numa desgraça pegada”.
Mas, “até agora, graças a Deus, temos tido trabalho”, congratulou-se, expressando “muita amargura” face aos devedores que lhe “fazem partidas muito graves”.
O dono da pedreira de Penela deu o exemplo de uma firma que nunca lhe pagou uma dívida de 850 mil euros.
“Pagou com um cheque, metemos o cheque ao banco e veio devolvido”, lamentou.
O empresário foi depois pedir explicações ao cliente. “Nós já pedimos a insolvência”, ouviu como resposta.
Face à crise, em particular ao decréscimo das obras públicas em Portugal, Isidoro, que tem a mulher e os dois filhos como sócios, aposta agora na internacionalização.
Cabo Verde e o Chile são países onde o grupo tem atualmente diferentes empreitadas.
O Brasil deverá ser o próximo destino, estando a decorrer diligências nesse sentido.
Dedicado às obras públicas e particulares, designadamente nas áreas da construção de vias rodoviárias e da movimentação de terras, o grupo Isidoro investiu há 22 anos na produção própria de inertes.
Da pedreira, 62 hectares de terreno onde são também produzidos betão e asfalto, continuam a sair diariamente muitas toneladas de britas e “tout-venant”, dispondo a empresa de dezenas de camiões e máquinas.
O complexo industrial integra uma cantina, onde almoçam 60 a 70 pessoas por dia, e um laboratório que garante a qualidade dos produtos certificados.
A mais recente aposta do grupo é a construção de parques eólicos, tendo criado para o efeito a empresa Isidoro Energia, que já realizou empreitadas nesta área em Portugal Continental, Madeira e Cabo Verde.
@Lusa